
Sony prepara o lançamento de jogos dos PlayStation Studios na Xbox e muda a história dos videojogos
30 Julho, 2025A indústria dos videojogos vive um momento inesperado: a Sony decidiu abrir o seu catálogo de topo e preparar o lançamento dos jogos dos PlayStation Studios em consolas rivais, incluindo a Xbox. Uma reviravolta radical na estratégia tradicional de exclusividade, que vira do avesso a rivalidade histórica entre plataformas e antecipa um futuro em que o “joga onde quiseres” se torna a norma. O que está por trás desta mudança? E o que muda para os jogadores?
A ambição da Sony: a revolução que ninguém esperava
A notícia abalou a comunidade gamer. Pela primeira vez, a Sony reconhece abertamente que o seu modelo de negócio precisa de evoluir para continuar a crescer. O anúncio de uma nova direção de estratégia multiplataforma e o iminente lançamento de títulos próprios noutras consolas refletem uma ambição: a PlayStation quer que os seus jogos cheguem ao maior número possível de jogadores, independentemente da marca da consola que têm em casa. Isto não responde apenas a uma questão de prestígio, mas sobretudo à procura de novas fontes de receita e à transformação global do mercado.
Uma viragem histórica para a Sony: porque agora?
Durante anos, a Sony apoiou-se na exclusividade das suas franquias para impulsionar as vendas das consolas PlayStation. Séries como God of War, The Last of Us ou Spider-Man definiram gerações inteiras, tornando-se o principal motivo pelo qual milhões de pessoas escolheram a marca. Mas os tempos mudaram. O crescimento do mercado dos videojogos, a concorrência com a Microsoft e a Nintendo, e o aumento dos jogos como serviço, obrigaram a Sony a repensar os seus limites.
A concorrência já tinha dado o primeiro passo: a Microsoft começou a lançar alguns dos seus jogos na PlayStation e na Switch, como Minecraft e, recentemente, títulos de franquias próprias. A Sony, que até há pouco considerava isso quase uma heresia, agora reconhece que reter as suas franquias apenas no seu hardware já não garante o sucesso, especialmente num mercado onde o custo de produção de um grande jogo pode ultrapassar os 100 milhões de euros e só as vendas na PS5 dificilmente os rentabilizam a longo prazo.
Da exclusividade ao modelo multiplataforma
O motor desta transformação foi a publicação de uma oferta de emprego inédita na Sony: procuram um Diretor Sénior de Estratégia Multiplataforma, responsável por negociar o lançamento de títulos próprios na Xbox, Steam, Epic, Nintendo e dispositivos móveis. Esta pessoa vai liderar uma equipa que estabelecerá parcerias e abrirá portas historicamente fechadas. Não é só uma ideia; é uma aposta real.
Mas a Sony não abdica da exclusividade como identidade. Segundo os seus próprios comunicados, continuará a escolher cuidadosamente que jogos podem sair fora do ecossistema PlayStation. Os primeiros eleitos são, sobretudo, títulos multijogador ou com grande potencial comercial a longo prazo. A ideia é simples: se um jogo pode crescer para além da PS5, gerando receitas e comunidade noutras plataformas, a Sony estará aberta a essa possibilidade.
Helldivers 2 e outros casos que marcam tendência
O primeiro grande exemplo que materializa esta estratégia é Helldivers 2, que estreia oficialmente na Xbox Series X|S a 26 de agosto. Este shooter cooperativo, publicado pela Sony mas desenvolvido pela Arrowhead, foi um fenómeno desde o lançamento na PS5 e PC, demonstrando que o crossplay e a comunidade ativa são muito mais rentáveis quando não existem barreiras de plataforma. Agora, a chegada à Xbox — com suporte completo de jogo cruzado — marca um momento histórico: é a primeira vez que um título dos PlayStation Studios chega à consola rival em igualdade de condições.
E não é caso único. Este ano, LEGO Horizon Adventures, um spin-off de uma das IP mais reconhecidas da PlayStation, foi anunciado para a Nintendo Switch e PC. A mensagem é clara: a Sony decidiu que algumas das suas sagas mais conhecidas podem sair de casa, conquistar novos públicos e diversificar a sua audiência. Para muitos analistas, estes lançamentos são apenas a ponta do iceberg e antecipam mais novidades em breve.
O que ganha a PlayStation? O que ganham os jogadores?
Para a Sony, o benefício é duplo: por um lado, obtém receitas adicionais de mercados onde antes não tinha presença direta. Por outro, reforça a imagem das suas franquias, tornando-as referências globais e adaptando-se a uma indústria onde o hardware já não é o centro de tudo. Num mundo em que os rendimentos recorrentes, as microtransações e os conteúdos descarregáveis fazem a diferença, alargar o público potencial é uma decisão lógica.
Para os jogadores, a notícia é ainda melhor. Aqueles que não têm uma PS5 vão poder aceder a títulos que antes só podiam sonhar, como o próximo Helldivers 2 na Xbox. A eliminação de barreiras técnicas e comerciais favorece a criação de comunidades maiores e mais ativas. O “onde jogar” deixa de ser um limite, e tudo indica que em breve os utilizadores da Switch 2 ou de PC também vão receber mais títulos que até há pouco eram impensáveis fora da PlayStation.
Estará a exclusividade a chegar ao fim?
O debate está lançado: estaremos perante o fim das exclusividades tal como as conhecíamos? Ainda não, pelo menos por agora. A Sony continuará a apostar no lançamento prioritário nas suas consolas, e os grandes títulos continuarão a chegar primeiro à PS5. Mas a porta está aberta a lançamentos posteriores, especialmente para jogos multijogador, títulos como serviço e franquias maduras com potencial de crescimento global.
A chave, segundo os especialistas, será encontrar o equilíbrio entre manter o apelo da PlayStation como ecossistema e não perder a oportunidade de liderar o sector do software à escala mundial. A experiência da Microsoft, que levou Sea of Thieves ou Grounded a consolas rivais, mostra que o modelo funciona e que o mercado já não penaliza — antes, recompensa — a abertura.
Um futuro sem barreiras: como será a indústria?
Se há algo que este anúncio provou é que o videojogo, como fenómeno global, já não se define pela caixa da consola. O jogador de hoje quer liberdade, comunidade e experiências conectadas. A Sony percebeu-o, e a sua nova abordagem não só representa uma mudança histórica na empresa, mas também um sinal para o resto da indústria. Os próximos anos serão marcados por colaborações inéditas, lançamentos multiplataforma e o nascimento de uma nova geração de gamers para quem a exclusividade será a exceção e não a regra.
O futuro do gaming será sem exclusividades?
A decisão da Sony abre uma porta que dificilmente voltará a fechar-se. O mercado, os jogadores e a tecnologia empurram para um cenário em que cada vez importará menos o nome que figura na caixa da tua consola. O relevante será o jogo, a experiência e a comunidade. Agora a pergunta é: estás pronto para jogar sem fronteiras? Partilha a tua opinião e junta-te ao debate sobre o futuro dos videojogos.

Bruno Henriques
Business Development Manager da TP-Link Portugal